de uma alma solitária,
num canto manso a musa dança,
sem lamento
o mal trajado impuro,
dela se encanta, se embebeda, e ainda ri
cantarola um samba de Vinícius em homenagem a ela,
dizendo que é ela
é ela a musa, sempre foi ela
mesmo antes,
que ele guardou,
mesmo antes dela.
um sopro
muda tudo, ao som do piano
e as folhas do plátano
"cantarolando ao vento"
num domingo frio na rua vazia.
tanto tempo
aquelas folhas do papel,
que ela escrevia pautas riscadas
com a caneta azul
ela acenava, a musa do vagabundo,
como num samba triste e sem afeto
um samba sem lenço
a linda musa do miserável poeta
memórias conduzem a escuridão
do vagabundo cego
junta uns poucos versos
dos restos da imaginação
não importa
nas tímidas tardes
do poeta vagabundo
naufragou seus pensamentos nela
bebeu com outra
se esquece, entorpece
olhando pela cortina de traças
o impostor, o vagabundo
se esquece da musa
contra corrente no barco da vida
sem serenata de tamborim
o compositor dos acordes
hipócrita desafinado canta a musa
e
a
musa
dança
quarta-feira, 23 de março de 2011
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