sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

tristeza


existem histórias tristes de amores perdidos...

a tristeza ao redor da ausência, o silêncio
a saudade daqueles momentos a dois, os sonhos
um amor contido, quase não permitido
lembranças
aquele por do sol, os cabelos ao vento
sorrisos, a areia fria no pé,
um abraço quente, cabeça no ombro
aquele dia, um dia qualquer, qualquer dia
alguns dias, dias e dias
lembranças....
aquelas conversas, aquelas comidas,
aquelas risadas, aqueles olhares
músicas,
lugares,
poemas....
aqueles dias eram...
foram
se foram

hão de haver histórias de amores tristes
as lembranças
seus amores
qualquer dia lhes parecem tristes
as lembranças: felizes.

o poeta sabe a tristeza
sente-a tão intensamente
como se sua fosse
e até chora pela tristeza alheia
quando triste lhe parece
perder um amor, um grande amor
que encheria uma vida inteira
é a maior tristeza que o poeta viu e sentiu na vida
é sua maior fonte de inspiração
a tristeza é a musa do poeta.



coisa que não fazemos

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que,
esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Escrever

Escrever é esquecer.
A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
Fernando Pessoa