terça-feira, 5 de novembro de 2013

Samba do amor separado I

Inda lembro quando inventei a dor
e a vida não fazia sentido
meus olhos escapavam de ti
sua alma, os olhos meus na escuridão,
seguiram-se os passos do tempo
curam a alma inflamada e 
devolvem o sorriso no rosto

naquela esquina e com pressa
duas poesias se esbarram
o toque do canto profano
e um lastro do destino
incendeia os corações inocentes

os dois casais enamorados
com dedos entrelaçados
presenciaram o medo e ciúme
o iluminar de dois amores esquecidos
ali, naquela hora arrancados
pela tempestade de outros sonhos perdidos

inda tinha você na minha saudade
e vagando pelas ruas à noite,
meus devaneios
nos traços doces do teu rosto,
a face incógnita dos teus olhos,
louca
escuto tua voz nos versos de Vinícius...

na sombra do sonho dela,
era eu acordando ao seu lado
naquela noite gelada,
ouvindo meu nome, seus olhos nos meus
suas mãos trêmulas sobre meu corpo
num abraço forte e molhado
a promessa ensandecida dos teus lábios
sou teu, és minha

na delicadeza da manhã
te escrevi uma antiga carta de amor,
prometi te querer ardentemente
com a mesma chama que te vi pela primeira vez
prometi meu coração, toda minha paixão

com a garrafa em mãos lancei no mar a nossa sorte
à beira do acaso,
em dezembro
senti teu oceano passar pelos meus dedos
achei até que eras miragem
vinhas em minha direção
com um sorriso lindo no rosto
fonte da minha infinita inspiração...