sábado, 13 de outubro de 2018

O sol

Era outono.
Nas rotinas do cotidiano, 
em um lugar qualquer,
senti uma doce frequência no ar,
sem saber quem a emanava.
Idas e vindas.
Houve, então, o dia, 
na timidez dos meus ares, 
eu vi de canto teus olhos castanhos.
Soube ali, aquela energia era tua.
No engenhoso sorriso que trago, 
dominada pela tua vibração,
desejei beijar teus lábios,
dizer ao pé do teu ouvido palavras de fascínio.
Segui calada, engolida pela rotina.
Idas e vindas.
Sonhos lúcidos te trouxeram intenso, sedento, infinito.
No silêncio da noite observamos estrelas.
O tempo passa.
No súbito pensamento,
minhas mãos percorrem teus cabelos curtos grisalhos,
tocam de leve a pele do teu pescoço,
desabotoam a tua camisa.
Eu vejo a tua alma pelos teus olhos.
Sigo a rotina.
Irrefreáveis acasos.
Dia desses, o sol despontou forte,
em um lugar qualquer,
eu fui na tua direção
pensando dizer malícias.
Na timidez,
escondo o deslumbramento no sorriso simples,
no passo apressado.
Idas e vindas.