quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

reflexão

no recesso todos os dias me parecem sábados,
exceto os domingos,
e penso dentro do reflexo, nas coisas futuras,
em silêncio, porque a força do esboço arrancaria-me
qualquer palavra.
ontem acordei sonhando com a tese enigmática,
que por horas me roubou as noites,
numa epifania de respostas,
concatenando as idéias,
na cabeceira
a caneta e o moleskine azul
caso pareçam efêmeras.

uma lista de afazeres barram este pensante
a seguir velozmente,
desimporta, se vivo, sigo.

para o deleite, recomendo,
àqueles que não podem custear a obra dos grandes pintores,
o "picture book", da Scala,
seleciona cinco obras do autor/estilo,
excelente.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

poeminha do fim da tarde

Finda tarde,
cega os olhos o sol oblíquo na passagem de pedra e piche,
um insistente fuça os nós do pensamento vivo
enquanto amenidades aquilatam o convívio lento

Não importa o tempo,
sempre finda a tarde,
o vento memórias,
nos caminhos desculpas.

Passo os olhos no colorido da paisagem,
que se converte na ideia,
fingindo ser ela a própria estampa
da saudade do vento.

na ambição da fruta,
marcam suas mordidas as larvas sedentas
nas flores perdidas
sabidas
em prol das borboletas.

o verde-azul divide o espaço,
e a cortina fendada recosta a janela aberta
escancarada pelo soprado gelado
espalhando razões pelo chão,
nos espaços vagos,
dos lembretes ardis dos esboços
cada dia mais suavizados.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

rotina

depois de muita chuva nessa boa e velha Blumenau,
o sol apareceu seco e gelado,
olho o lixo separado, e a reciclagem que não aparece,
e o gás acabou no meio do preparo do bolo,
salvo (nem tanto) pelo microondas.
Quarta, dia de compras no mercado,
mais papel e plástico para reciclar...
o vento gelado bate a porta furiosamente,
como se pusesse o dedo em riste
na face do transitante.
Notícias de New York city na globo news,
crise, balão econômico, e a preocupação com a China,
aperto os botões do controle remoto,
ciente da troca de pilhas, o volume dispara alto...
Na romazeira desponta a primeira folha,
naquela imagem seca de inverno vejo um sinal de vida,
a cerejeira - ameaçada seriamente por mim, (na foto)
mostra-se interessada em continuar ocupando o centro do jardim
olho minhas orquídeas tímidas, noto que a Phalaenopsis prepara flores (!)
depois a trago para dentro, depois da previsão do tempo.... neve em Urubici.
Hora de sair....

segunda-feira, 27 de junho de 2011

alma em todo canto


Lembrando Fernando Pessoa:
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim,
nem que eu faça a falta que elas me fazem.
O importante pra mim é saber que eu,
 em algum momento,
 fui insubstituível,
e que esse momento será inesquecível.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Bonecas

Alice
menina da pele alva e longos cabelos dourados,
quer saber, e num tom afirmativo fala
- papai, parece que você vai ficar aqui até ficar velho...
as palavras cairam como taças e quebraram como ferro,
ensurdecendo pensamentos.

ela diz,
- não vou no brinquedo de criancinha, quero sentir um frio na barriga...
(referindo-se ao trem fantasma)

Alice,
menina, tens so poucos, pouquinhos anos,
quem te ouve menina?
quem vê a angústia cor de mel dos teus olhos?
nenhum preparo,

ninguém espera.

o que te espera Alice?

Contos bonitos, com praças coloridas ao alvorecer
árvores de pés de feijões,
galinhas que colocam ovos de ouro,
sonhos de miss e coelhos atrasados.

A vida não tem dó

meus olhos de infância
inda lembro
tinha medo do escuro
e do que tinha debaixo da cama

senti o frio na barriga,
mas não por causa do trem fantasma,
foi pelo que dissestes, menina. Deus te guarde.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

kit kat!

Curitiba,
12-02-2011

coisas da vida

todo mundo nasce para morrer...
frase detestável, na minha opinião,
quem se dispõe a este propósito
- inegavelmente obscuro -
precisa de pílulas da felicidade.

Nasci para viver, desimporta quando isso terá fim.

Já que estou por aqui...

mas outra coisa é certa, além de morrer,
é que iremos ter problemas...
mais certo que o velho e pobre dilema
do pagamento de impostos,
de médicos e assim por diante,
é que iremos ter muitos, muitos problemas

viver pode ser conviver com os problemas ou resolvê-los (utopia),
as falhas de outras pessoas - que causam problemas -
ou, evidentemente, as próprias falhas
e até mesmo um misto das duas,
são infinitas, e invariavelmente,
a forma de encarar determinada e emblemática questão
é a causa problemas maiores ainda.

De tudo de tudo, o que se tem afinal?
os problemas, a finitude da vida, dores afins, os outros e, "yourself"
não sou uma pessimista,
penso que a vida tem flores, amores, horas/dias/anos,
cheiros, sabores, pele, sonhos próprios e dos outros,
lembranças, agora e amanhã,
não dá pra viver a vida pensando no fim.

Bom é pensar que todo dia é começo,
todo problema, mais um,
toda dor, passa,
os outros, que se lasquem,
e eu
sai do caminho
que eu,
como já disse Quintana,
eu passarinho!

terça-feira, 3 de maio de 2011

filme!

Cold Souls - Almas à venda

O incansável Paul Giamatti, interpreta um ator que passa por dificuldades ao interpretar uma peça do autor esta semana mencionado, Tchékhov, na famosa obra Tio Vânia, e acaba por decidir guardar sua alma em um recipiente de vidro, no "depósito das almas". Para não ficar sem alma, a substitui por uma de outra pessoa... Ao longo do filme, uma "mercadora de almas" vende a alma do referido ator para uma atriz russa.
E por assim vai...
Remete, obviamente, aos conflitos existenciais e no mínimo intrigantes sobre um assunto muitas vezes debatido, mas que, entretanto, guarda um enfoque inovador, relíquia cinematográfica.

Dirigido por Sophie Barthes.

Vive la france!

EXCELENTE!!!!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

caminhos

Indaial/SC
01/05/2011

O jardim das cerejeiras

falando da estante de livros...

"PICHTCHIK - (Espantado) Cem anos - quem diria?
GAIÉV - É. Uma coisa admirável. (abraça e acaricia a estante) Querida e honrada estante! Glória a ti por mais de cem anos tens servido os ideiais do bem e da justiça. Teu silencioso apelo ao trabalho profícuo nunca arrefeceu numa centena de anos, mantendo (lágrimas), em várias gerações desta família, a esperança de um futuro melhor, a fé no dia de amanhã, e inculcou em nós o sentimento da virtude e da consciência social."
No jardim das cerejeiras. Anton Tchékhov

terça-feira, 26 de abril de 2011

chico

...eis que chega a roda vida e carrega o destino pra lá...

natureza

vi minha amiga querida,
com olhos equidistantes e suas delicadas mãos
sobre o terno
eterno
na escuridão de uma dor profunda,
num dia vergonhosamente lindo...

acordo na madrugada úmida,
com o coração acelerado
como se levasse um susto,
como se ouvisse um berro histérico,
e entre acordar e dormir eu choro
e peço, que eu leve um pouco da dor
de suas entranhas

eu sou covarde,
e a natureza impiedosa...

terça-feira, 12 de abril de 2011

azul claro

o relógio azul claro aponta: é tarde,
fim da tarde desponta no tempo,
e o tempo passa perto

do azul claro sonolento
fresco, abrandando a manhã,
numa sombra cálida
e um sopro úmido toca as folhas

a pequena relva cuidada
de folhas estrela da hera
alarga-se profusa
estendendo seus dedos
deitando-se na terra.

o azul tangente e iluminado do meio dia
na rubra face o calor embotado
pela frase inaudível dos pensamentos
num impulso, os olhos na enobrecida paisagem
ouvida ao longe, oblíqua e pobre

o azul terno, multicolorido, fecha a tarde
divina peça fechada pelas cortinas do vento
na clausura do eixo,
na prisão do tempo
num desejo lento
em pensamentos inválidos

no azul escuro o orvalho noturno,
se vê as flores resplandescentes pelo sol dos sonhos
no vasto veludo cravejado de diamantes
vazio e oculto, ao tom estridente do violino
observa-se o tímido caminhar dos astros celestes
pelos olhos daquele caído na atmosfera.

finda noite
o azul recomeça
na rouquidão da manhã
sem tempo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

a musa do vagabundo

de uma alma solitária,
num canto manso a musa dança,
sem lamento
o mal trajado impuro,
dela se encanta, se embebeda, e ainda ri

cantarola um samba de Vinícius em homenagem a ela,
dizendo que é ela
é ela a musa, sempre foi ela
mesmo antes,
que ele guardou,
mesmo antes dela.

um sopro
muda tudo, ao som do piano
e as folhas do plátano
"cantarolando ao vento"
num domingo frio na rua vazia.

tanto tempo
aquelas folhas do papel,
que ela escrevia pautas riscadas
com a caneta azul

ela acenava, a musa do vagabundo,
como num samba triste e sem afeto
um samba sem lenço
a linda musa do miserável poeta

memórias conduzem a escuridão
do vagabundo cego
junta uns poucos versos
dos restos da imaginação
não importa

nas tímidas tardes
do poeta vagabundo
naufragou seus pensamentos nela
bebeu com outra

se esquece, entorpece
olhando pela cortina de traças
o impostor, o vagabundo
se esquece da musa
contra corrente no barco da vida

sem serenata de tamborim
o compositor dos acordes
hipócrita desafinado canta a musa

e
a
musa
dança

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Alea jacta est

passo firme ao chão,
armas em punho,
olhares atentos
de uniforme, marcha-se.

Alea jacta est,
vitória.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

a verdade

A verdade está em marcha e nada conseguirá detê-la.
Émile Zola